Som alto faz mal para o bebê na barriga? Mito ou verdade? Descubra!
A audição é um dos sistemas mais elaborados e sensíveis do organismo humano. Há muito tempo a ciência vêm investindo no estudo desse sistema, de modo a possibilitar hoje o diagnóstico precoce de muitas alterações auditivas, permitindo intervenções terapêuticas cada vez mais eficazes.
Um estudo publicado durante a 1ª Semana Nacional de Prevenção da Surdez, em 1997, comprovou que o brasileiro está perdendo a audição cada vez mais cedo.
Nas últimas décadas, vários outros estudos sobre a PAIR (Perda Induzida pelo Ruído) foram ampliados, colaborando para descobertas em diversos setores, envolvendo inclusive análises específicas, como as gestantes.
Os fatores ambientais, comprovadamente nocivos à saúde do adulto, passaram então a ser investigados mais profundamente quanto aos possíveis efeitos deletérios no bebê em gestação. Estes estudos recentes revelaram que ruídos de 60 db (decibéis) a 80 db produzem estresse no feto, e acima de 80 db são nocivos à saúde fetal.
Som alto faz mal para o bebê na barriga??
Sabe-se que a partir do 7º mês de gestação a audição e a visão do bebê já estarão desenvolvidas, e portanto, ambientes com som alto podem deixá-lo mais agitado. Estudos recentemente publicados na Suécia pelo IMM (Institute of Environmental Medicine) informam que a exposição à poluição sonora durante a gravidez pode prejudicar a audição da criança, com um aumento de 80% de risco em ambientes com níveis altos decibéis.
A recomendação é que grávidas evitem os níveis de ruído superiores a 80 dB. Se não tiver como evitar, é aconselhado a frequência em locais com som alto mas com muita moderação, principalmente após o terceiro trimestre da gravidez.
Por outro lado, a audição do bebê fica protegida pelos músculos da barriga da mãe, ou seja, os sons e as vozes ficam mais abafados, em volume diferente do que a mãe escuta. Mesmo assim, este estudo do IMM alerta que os barulhos, especialmente ruídos de baixa frequência, são fisicamente conduzidos para o feto.
Efeitos da exposição fetal ao ruído
As pesquisas do desenvolvimento auditivo mostram que a partir da 20ª semana de gestação o feto já demonstra reações aos estímulos sonoros, percebidas através da mudança da frequência dos batimentos cardíacos fetais e associados frequentemente a movimento corporal do bebê. Outras pesquisas demonstraram também que o feto pode detectar, responder e diferenciar sons, assim como a sua intensidade e altura. O feto tem a capacidade de ouvir e desenvolver memória dos sons intra-útero.
A pesquisa, realizada pelo Conselho Nacional de Saúde e Bem-Estar da Suécia com mais de 1,4 milhões de crianças nascidas entre 1986 e 2008, dividiu em três categorias a exposição ao ruído durante a gravidez: baixo (<75 dB); média (75-84 dB) e alta (85 dB).
Para as mulheres que foram expostas aos ambientes de ruído de alto nível (mais de 85 dB), o risco de disfunção auditiva em seus filhos foi de 80% mais elevados do que para as mulheres que haviam trabalhado em ambientes com mais atenção acústica. Já entre as gestantes expostas aos altos ruídos durante tempo parcial, os pesquisadores descobriram um aumento de 25% no risco – o que não foi considerado um problema estatisticamente significativo.
No grupo de mães que estavam expostas na categoria média não houve aumento significativo, mas a possibilidade de maior risco nos diagnósticos na disfunção da audição foram consideradas.
A exposição ao ruído ocupacional a um nível igual ou maior que 85 db, por oito horas diárias, pode resultar no nascimento de bebês com baixo peso ou pior, interromper involuntariamente a gravidez. Por isso não se descarta a possibilidade de a exposição a altos níveis de ruídos ser um do fatores que acarretam até mesmo a infertilidade humana.
Cuidados com a audição do bebê
O bebê quando está no útero materno já consegue ouvir determinados sons, especialmente os batimentos cardíacos da mãe. Quando o bebê nasce, ele continua recebendo informações auditivas por meio da interação com o ambiente em que vive. Por isso é importante ter muito cuidado nesse detalhe.
O desenvolvimento da linguagem, por exemplo, inicia-se na vida intra-uterina, e para que a criança adquira linguagem e desenvolva a fala é necessário que ela seja capaz de detectar sons, localizá-los, discriminá-los, memorizá-los, reconhecê-los e compreendê-los. (Veja as Melhores músicas para ouvir na gestação)
Após o nascimento, as maternidades e hospitais realizam uma triagem auditiva denominada “teste da orelhinha”. O exame, que é gratuito, avalia a capacidade auditiva do recém-nascido por meio da emissão de sons e de sensores eletrônicos. O teste não incomoda o bebê e pode auxiliar a diagnosticar alguma deficiência bem cedo, amenizando as sequelas.
Como proteger o ouvido do bebê do barulho
Os pais devem evitar que os pequenos fiquem expostos a sons altos ou frequentem ambientes com poluição sonora, como estádios de futebol, restaurantes com música alta e eventos automobilísticos. Em ambientes ruidosos que não tem como evitar a presença da criança, é recomendável o uso de protetor auricular nos pequenos.
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Em casa, o ideal é manter a televisão e o rádio em volumes agradáveis e dar preferência às regulagens com níveis mais baixos de sons ( confira os Benefícios de ouvir música durante a gestação). Os pais ainda devem evitar ligar vários aparelhos barulhentos ao mesmo tempo, como liquidificador, micro-ondas e aspirador de pó.
No carro, a indicação é ouvir o rádio em um volume baixo e manter as janelas fechadas para minimizar o impacto dos ruídos do trânsito em ruas e avenidas movimentadas.
Os brinquedos também entram na lista de atenção, pois muitos emitem som. Os pais devem observar se o brinquedo tem o selo do Inmetro, pois ele é uma garantia que o nível de ruído está de acordo com o que está estabelecido com a legislação (até 80 db).
Quedas graves e traumas ocasionados por ruídos muito fortes, como as bombinhas de festa junina, por exemplo, também podem levar a perdas auditivas parciais ou totais. Então, todo cuidado é pouco.
O barulho não só incomoda e distrai como também interfere no humor da criança. Som alto pode causar desconforto, enxaquecas, náuseas e a criança pode ainda apresentar comportamentos mais agressivos com o tempo.
Portanto, som alto faz mal para o bebê na barriga. É Importante salientar que a perda da audição a partir da exposição a barulhos altos é cumulativa e irreversível. Se essa exposição começa na infância, as crianças podem viver metade de suas vidas com perda de audição.