Uma gravidez psicológica é uma condição muito rara (afetando uma a cada 20 a 25 mil mulheres) e pode apresentar os sintomas de uma gravidez real, embora o útero se encontre vazio. Muitas vezes relacionada ao desejo de ser mãe, esse transtorno psicológico deve ter o acompanhamento de um profissional e ser tratado de acordo com o caso.
O atraso da menstruação é um dos primeiros sinais que geralmente levam uma mulher a supor que está grávida. Quando esse sintoma vem acompanhado de enjoos e aumento no volume da barriga e dos seios, pode não haver dúvidas de que há um bebê em formação. Porém, há casos em que esses sintomas podem se tratar de uma gravidez imaginária.
Entenda a seguir quais são as principais causas que podem levar a esse problema e quais são os tipos de tratamentos recomendados para superar a gravidez psicológica.
O que é gravidez psicológica?
A gravidez psicológica (também conhecida como pseudociese), trata-se de um estado emocional em que o organismo da mulher passa a produzir diversos sintomas de gravidez, porém não há feto se desenvolvendo em seu útero, já que não houve fecundação do óvulo por um espermatozoide.
O corpo passa até mesmo a produzir hormônios que são típicos do período da gestação, como é o caso do estrogênio e da prolactina.
Esse transtorno psicológico atinge principalmente as mulheres que estão tentando engravidar e desejam muito ter um filho. Também pode afetar aquelas que têm um forte medo de engravidar, especialmente durante a adolescência, fase em que é comum a insegurança sobre o uso de contraceptivos. Casos de pseudo-gravidez não ocorrem apenas em humanos, já que outros mamíferos também podem ser afetados por ela.
Quando ocorre o caso de gravidez psicológica, os hormônios podem se descontrolar a ponto de fazer com que a mulher comece a produzir leite, como se realmente estivesse grávida. Em geral, esse quadro dura por volta de 2 a 3 meses, embora haja casos em que persistam por até 9 meses, como em uma gravidez normal.
Muitas vezes é difícil fazer com que a mulher acredite que não está esperando um bebê, preferindo ser consultada com mais de um médico para ouvir mais de uma opinião.
É fundamental entender que a gravidez psicológica não consiste de forma alguma em uma mentira por parte da mulher, pois ela realmente apresenta os sintomas e acredita que está à espera de um bebê.
Nesses casos, é importante que ela receba o acompanhamento psicológico e, se necessário, faça o uso da medicação que foi recomendada pelo profissional.
Sintomas de gravidez psicológica
Como foi citado, o corpo da mulher que apresenta um quadro de gravidez psicológica passa por mudanças que são idênticas a de uma gravidez real.
Esses sintomas se manifestam por conta dos estímulos psicológicos, o que leva ao aumento na produção dos hormônios que são característicos da gravidez. Por essa razão, ela pode vir a ter os seguintes sintomas:
- Menstruação ausente;
- Tontura;
- Enjoos;
- Vômitos;
- Sonolência;
- Desejo por determinados alimentos;
- Aumento de peso;
- Aumento do tamanho dos seios;
- Aumento do volume do abdômen;
- Surgimento de leite nas mamas.
Tais sintomas são influenciados por conta do estímulo da região cerebral conhecida como hipófise, que é responsável pela liberação dos hormônios do corpo. Em casos considerados mais graves, pode acontecer de a mulher sentir o feto se mover em sua barriga.
Além disso, há situações em que ela pode sentir contrações, dores fortes e até mesmo entrar em trabalho de parto. Quando isso acontece, a mulher pode chegar a se convencer de que passou por um aborto espontâneo ou que algo aconteceu com o bebê.
Gravidez psicológica dá positivo no teste de farmácia?
No caso da gravidez psicológica, os testes de farmácia sempre vão apresentar um resultado negativo. O mesmo ocorre se a mulher realizar um exame de sangue. O motivo para isso acontecer é porque em uma gravidez psicológica não é produzido o hormônio beta HCG, pois ele é apenas fabricado nas células que dão origem à placenta, o que não ocorre em uma gravidez psicológica.
Apesar disso, mesmo com o resultado negativo, algumas mulheres podem não se convencer de que não estão grávidas, até mesmo quando a menstruação aparece. Por essa razão, muitas vezes é indicada a realização de um ultrassom para mostrar que não há um feto se desenvolvendo em seu útero e que não há batimentos cardíacos de bebê.
Há situações em que até mesmo os médicos encontram dificuldade em convencer a mulher que não se trata de uma gravidez verdadeira, mas sim de uma gravidez psicológica, sendo necessário aguardar alguns meses para que ela se convença de que o ultrassom mostra a clara imagem de que não há um bebê em formação em seu ventre.
Porém, se mesmo com o ultrassom a mulher não ficar convencida de que não está grávida, é preciso que ela seja acompanhada por um psicólogo para que o problema seja tratado.
Principais causas do problema
Para especialistas, a maioria dos casos de gravidez psicológica está associada à dificuldade de a mulher engravidar. Nesse caso, quanto mais difícil for a tentativa de gerar um filho, maiores serão as chances de a ela não conseguir lidar bem com a situação.
Quando isso é associado a uma constituição psicológica frágil, o desejo de ter um bebê pode desencadear o quadro de pseudociese.
Além disso, a sensação de culpa devido a uma atitude de risco, como é o caso de ter relações sexuais sem o uso de camisinha ou ao esquecer de tomar a pílula, também podem levar a uma situação de estresse que, em alguns casos, levam a mulher a desencadear sintomas de uma gravidez que na verdade não existe.
Porém, de acordo com especialistas, as situações mais graves desse quadro apresentam como causa originária uma dificuldade de ordem psicológica. Conheça as principais situações que podem desencadear esse quadro, que são mostradas a seguir:
- Forte desejo de engravidar;
- Dificuldade ou ansiedade para conceber;
- Medo intenso de engravidar;
- Pressão social e familiar para engravidar;
- Abortos espontâneos recentes;
- Depressão e baixa autoestima;
- Estresse intenso no trabalho ou na vida pessoal;
- Problemas psicológicos ou sexuais;
- Traumas psicológicos;
- Sentimento de insegurança e receio de ser abandonada pelo parceiro.
Além das causas que foram apresentadas, outros fatores também podem desencadear a crença em uma gravidez inexistente, como endometriose, ovários policísticos e ainda a infertilidade não aparente. Esses quadros podem levar a uma frustração que acaba resultando no surgimento da gravidez psicológica.
É importante ressaltar que esses problemas apenas levam a um quadro de gravidez psicológica quando é o caso de a mulher estar com o emocional bastante fragilizado.
Vale lembrar que, como geralmente a gravidez psicológica é causada por situações em que a mulher passa por um alto nível de estresse, a alteração dos hormônios decorrente desse estresse podem prejudicar a fertilidade. Ou seja, a mulher que apresenta esse quadro pode ter mais dificuldade para engravidar de verdade.
Gravidez psicológica em homens
Apesar de ser muito mais comum em mulheres, também há casos de gravidez psicológica em homens, o que recebe o nome de síndrome de Couvade ou gravidez simpática. Alguns estudos apontam que se trata de uma maneira inconsciente do homem se solidarizar com os sintomas da mulher.
Essa alteração é um pouco diferente da que afeta a mulher e, em geral, ocorre quando o homem tem uma ligação muito forte com a sua companheira. Também pode se manifestar devido à ansiedade e ao desejo forte de se tornar pai, ou devido a uma gravidez inesperada e receios com a proximidade da chegada do bebê.
Se o casal passou por um aborto ou se houve dificuldade para a mulher engravidar, o homem também pode vir a apresentar os sintomas.
A gravidez psicológica em homens é mais frequente durante a primeira gestação da parceira. Alguns homens acabam apresentando sintomas que se assemelham ao da gestante, como sensação de enjoo, ligeiro aumento de peso e distúrbios de sono. Em casos mais extremos, o homem chega até mesmo a sentir as dores do parto.
Como não se trata de uma doença, não há um tratamento específico para a síndrome de Couvade. Os sintomas podem seguir até o bebê nascer e o aconselhável é que os pais procurem relaxar para ajudar a atenuar os sintomas.
Quando os sintomas são muito fortes ou frequentes, de forma que passe a ser um incômodo na vida do casal, o indicado é que o pai tenha o acompanhamento com um terapeuta.
Existe tratamento?
Há situações em que o problema se resolve em algumas semanas, quando a mulher vê o resultado negativo, ou quando o médico mostra no ultrassom para a paciente que não há um bebê se formando em seu ventre. Mas quando nem mesmo isso a convence, é necessário que ela passe por um tratamento psicológico para que consiga aceitar esse fato.
Além disso, o tipo e a duração do tratamento podem variar dependendo de cada caso. Quando há a compreensão da mulher e a colaboração do seu parceiro e familiares, o problema pode ser superado com maior rapidez.
Caso contrário, poderá vir a durar meses, sendo por isso importante que também seja realizada uma avaliação psiquiátrica para que sejam avaliadas as causas que levaram a paciente a apresentar esse quadro.
Também pode ser indicado o uso de medicamentos hormonais, como a pílula anticoncepcional, que têm como finalidade fazer com que a menstruação volte a se regularizar. A indicação de Dostinex também ocorre quando a mulher passa a produzir leite materno, nesse caso, com o intuito de fazer com que a produção de leite cesse.
Mulheres que apresentam esse quadro são mais propensas a desenvolverem outros tipos de doenças psiquiátricas, como a depressão e a psicose. Quando a paciente apresenta depressão, pode ser indicado ainda o uso de Amitriptilina, o que ajuda a equilibrar o humor.
Há situações em que os familiares da paciente podem optar por informá-la de que houve um aborto espontâneo, com receio de que ela possa vir a apresentar problemas mais graves após descobrir que passou por uma gravidez psicológica.
Seja qual for a decisão dos familiares, é importante que ela seja tomada em conjunto com um profissional e que a paciente receba todo o carinho e apoio daqueles que estão à sua volta.
Como evitar a gravidez psicológica?
Não existe uma maneira definitiva de prevenir a gravidez psicológica, mas procurar manter a saúde mental em equilíbrio pode contribuir para que a mulher não apresente esse quadro.
É fundamental que o tratamento receba o apoio das pessoas que convivem com a paciente para que ela possa superar essa situação, fazendo com que ela se sinta amada e aceita mesmo que não tenha um bebê.
É importante também que a mulher que está planejando uma gravidez e que passou por tentativas que não deram certo busque apoio psicológico.
Também é fundamental que a paciente que deseja engravidar e tem dificuldades conheça as formas que a medicina moderna oferece para os casos de ser necessário fazer um tratamento para que a gravidez seja possível.
O mesmo deve ser feito quando a mulher tem receio de engravidar, pois dessa forma, as dúvidas e inseguranças sobre a maternidade e formas de prevenção de uma gravidez indesejada poderão ser identificadas e trabalhadas da maneira mais adequada.
No caso de mulheres que não desejam engravidar, elas devem entender bem como funcionam os métodos contraceptivos e sua eficácia, para assim poder vencer a insegurança.
Esses cuidados evitam que, tanto num caso como no outro, a mulher chegue a uma situação de desequilíbrio extremo que possa resultar em uma gravidez psicológica. Resumindo, as formas mais eficazes de evitar que ocorra um quadro de gravidez inexistente são:
- Buscar apoio de um psicólogo ao planejar uma gravidez ou quando as tentativas não foram bem-sucedidas;
- Buscar apoio psicológico quando há receio de engravidar;
- Se houver dificuldade para engravidar, procurar conhecer os tratamentos específicos disponíveis.
Tomando todas as precauções necessárias, é possível prevenir a ocorrência de uma gravidez psicológica, permitindo que a mulher mantenha o controle emocional e um estado de saúde equilibrado, favorecendo assim as chances de realmente realizar o sonho de ser mãe.
Referências
tuasaude.com/gravidez-psicologica
minhavida.com.br/saude/temas/gravidez-psicologica
minhavida.com.br/saude/materias/4348-gravidez-psicologica-entenda-como-tratar-e-se-atrasa-a-menstruacao
trocandofraldas.com.br/gravidez-psicologica-como-reconhecer-os-sinais
dicasdemulher.com.br/gravidez-psicologica