Já ouviu falar em gravidez ectópica? Conheça os sintomas e o tratamento desse tipo de problema.
Essa situação (que acomete apenas 1% das mulheres) acontece quando a gestação ocorre fora do útero. Mesmo com o resultado positivo do teste de gravidez, o sonho de ter um bebê acaba sendo interrompido pela impossibilidade de o feto se desenvolver.
Além do sofrimento e frustração pela gravidez interrompida, esse quadro ainda pode apresentar maiores complicações para a saúde da gestante quando não detectada a tempo.
O que é gravidez ectópica?
Gravidez utópica (ou tubária) é uma condição caracterizada quando a implantação do óvulo fertilizado se dá fora do útero. Em geral, a fertilização do óvulo acontece na trompa uterina (trompa de Falópio) para então se implantar posteriormente no útero. Porém, no caso de o tubo estar bloqueado, o óvulo acaba não conseguindo percorrer o caminho até o útero.
Quando isso acontece, o óvulo que foi fertilizado permanece alojado na parede de uma das trompas. Dessa forma, o feto não recebe o sangue e estrutura adequada para se desenvolver de forma correta, e acaba morrendo. Em casos mais raros, a implantação acontece no ovário, colo do útero e até mesmo na cavidade abdominal.
É importante que a gravidez ectópica seja diagnosticada o mais cedo possível, caso contrário, pode trazer risco para a vida da mulher.
Conheça a seguir os sinais que indicam essa situação e quais os tratamentos indicados.
Diferença entre Gravidez normal e Gravidez Ectópica
Em uma gestação comum ocorre o seguinte:
Quando a mulher está ovulando (dentro do período fértil), o óvulo maduro fica nas tubas uterinas aguardando a chegada do espermatozoide. No momento desse encontro, ocorre a fecundação. Após esse processo, o ovo (óvulo fecundado) segue pela tuba uterina (trompas) em direção ao útero, ficando alojado na parede deste.
No caso de uma gestação ectópica – que significa “posição anormal” – ocorre um erro, geralmente, nos processos finais da fecundação. Isto é, o ovo não percorreu todo o caminho e se implantou na parede de uma das trompas ou em outros locais.
“Ela pode ocorrer nas trompas, nos ovários ou na cavidade pélvica. Sendo que mais de 95% das gestações ectópicas ocorrem nas trompas. É o que chamamos de prenhez tubária”, explica ginecologista e obstetra doutor Péricles Ramalho Bauab.
Sinais da gravidez Ectópica
Os principais sinais que indicam que a gravidez não é normal são a dor abdominal e o sangramento incomum. É importante que a mulher saiba reconhecer esses sinais para informar o médico o mais breve e receba o diagnóstico para iniciar o tratamento:
- Dor abdominal: Na maioria das vezes, a dor se manifesta com maior intensidade do lado da trompa afetada. A intensidade da dor pode variar, o que vai depender do grau em que a gravidez ectópica se encontra.
- Sangramento vaginal anormal ou ausência de menstruação: no caso de apresentar um atraso menstrual seguido de um sangramento fora do normal, a mulher deve se dirigir ao serviço de emergência para avaliar se está grávida ou descartar a hipótese de uma gravidez ectópica. Em geral, esse sangramento tem um aspecto diferente da menstruação.
Quando a situação alcança um nível mais sério, ocasionado pelo rompimento da trompa, os seguintes sintomas podem se manifestar:
- Dor mais intensa: com o rompimento da trompa, a dor se torna mais forte, o que é conhecido como abdômen agudo.
- Pressão baixa: a queda de pressão provoca palpitações, taquicardia e deixa a mulher pálida, o que pode levar a desmaios.
- Pressão nos ombros: o sangramento acaba irritando o diafragma, fazendo com que a dor seja irradiada para o ombro. Isso pode resultar em perda de consciência.
- Pressão no reto: o abdômen acaba pressionando o reto, trazendo uma sensação de desconforto para a mulher.
Há algumas mulheres que não têm nenhum sintoma antes do rompimento da estrutura das trompas. Quando isso acontece, a perda elevada de sangue pode causar desmaio, tontura e choque (pressão arterial baixa).
Causas
São diversos os fatores que podem levar a uma gravidez ectópica, mas os mais comuns são: inflamação ou infecção das trompas; lesões estruturais ou cirurgia das trompas.
“As causas mais frequentes são doenças inflamatórias pélvicas ou gravidez tubária anterior”, relata o obstetra – acrescentando que “um terço das gestações que ocorrem após um processo de esterilização tubária são ectópicas”.
Fatores de risco
Estudos apontam que algumas situações podem ser responsáveis pela gravidez ectópica, dentre elas:
- Problemas nas trompas de Falópio: a má formação ou inflamação nas trompas ampliam os riscos de ter uma gravidez ectópica.
- DST: certas doenças sexualmente transmissíveis podem resultar em doenças inflamatórias na região pélvica, possibilitando uma gravidez irregular.
- Cigarro: pesquisas indicam que fumar também está relacionado a uma gravidez anormal.
Sintomas iniciais da gravidez ectópica
Os sintomas mais comuns são:
Atraso na menstruação – podendo ser confundido com uma gravidez de formação normal;
Sangramento vaginal – na maioria das vezes, mais intenso e mais escuro que o normal ou o inverso: mais ralo e mais claro;
Dor abdominal – dores como cólicas em um dos lados do abdômen.
Quanto mais cedo o diagnóstico, melhor (em torno da 8ª semanas), pois se a gestação ectópica não for diagnosticada previamente, a tuba uterina pode ser dilatada pelo embrião e se romper. Se isso ocorrer, a mulher poderá ter fortes dores pelo abdômen, tontura, sensação de desmaio (ou chegar a desmaiar) e grave hemorragia interna. Por esses motivos a gravidez ectópica não pode seguir normalmente. Além disso, geralmente o ovo fertilizado fora do útero não sobrevive.
Tipos de gravidez ectópica
Os tipos de gravidez ectópica são classificados de acordo com a localidade onde o óvulo fecundado fica localizado, sendo eles:
- Gravidez ectópica intersticial: acontece quando o desenvolvimento do embrião se localiza no segmento intersticial da trompa. Em geral, o tratamento realizado nesse caso é feito com medicamentos à base de cloreto de potássio.
- Gravidez cervical: o embrião se forma no colo do útero, o que pode resultar em uma intensa hemorragia. O tratamento indicado é feito por meio de curetagem, injeção ou embolização.
- Gravidez ovariana: a descoberta dessa gravidez muitas vezes ocorre durante a curetagem.
- Gravidez ectópica na cicatriz da cesárea: trata-se de um caso muito raro e o tratamento precisa ser feito usando remédios metotrexaro e ácido folínico.
- Gravidez heterotópica:acontece quando há o desenvolvimento do embrião entre a trompa e o útero. Geralmente só é identificada após o rompimento da trompa. Por esse motivo, é necessário que o tratamento seja feito por meio de cirurgia.
Diagnóstico
A suspeita de uma gravidez utópica começa quando mulheres em idade fértil relatam sentir dores abdominais, desmaios ou sangramento vaginal. Nesse caso, é fundamental relatar a situação ao ginecologista para a realização dos exames necessários.
A paciente é submetida a um ultrassom transvaginal a fim de localizar onde ocorreu a implantação. Em algumas vezes o ultrassom não é conclusivo porque a gravidez é precoce, sendo então necessário repeti-lo após alguns dias para confirmar ou descartar o diagnóstico de gravidez ectópica.
Quando a gravidez irregular é descoberta cedo (até por volta de 8 semanas), o médico poderá fazer a indicação de medicamentos para induzir o aborto. No entanto, no caso de o embrião ser maior do que 3,5 cm e houver o risco de comprometer a saúde da mulher, será preciso realizar uma cirurgia.
Tratamento para gravidez ectópica
De acordo com o especialista, o tratamento pode ser cirúrgico, clínico – por meio de um medicamento indicado para este caso – metotrexato – ou expectante. Cabe ao médico indicar o melhor tratamento.
Outra dúvida é se a fertilidade da mulher pode ser afetada após uma gravidez ectópica. A resposta é: Sim, pode ser afetada. Mas existem outras saídas.
“Se a mulher tiver uma das trompas sadias pode engravidar de novo sem problemas. Se as duas trompas estiverem comprometidas ela só poderá engravidar por meio da FIV, Fertilização In Vitro”, assegura o obstetra.
O mais importante em uma gravidez ectópica é o acompanhamento de um obstetra e o relato da mulher de todo e qualquer sintoma, mesmo que pareça ser “nada de mais”.
Cirurgia
O procedimento cirúrgico será definido de acordo com o local da gestação ectópica, estado de saúde da mulher e os danos causados em seus órgãos reprodutivos.
- Asalpingostomia laparoscópica consiste em uma cirurgia realizada para a remoção do tecido. Esse método é indicado para os casos onde as trompas de Falópio não se romperam e é feito com a inserção de um pequeno tubo com câmera.
- Já a salpingectomia totalé um procedimento realizado no caso de fortes sangramentos, que causam grandes danos às trompas. Esse quadro tem a necessidade de remover completamente a trompa.
- Em casos emergenciais, é preciso realizar uma laparotomia, que é feita com incisões maiores e exige um tempo maior de recuperação em relação às outras cirurgias.
Também há casos onde a eliminação do corpo ocorre naturalmente e, se a mulher não manifestar nenhum tipo de sintoma, o médico pode recomendar que seja feito um monitoramento e uso de remédios para aguardar a eliminação natural.
Recuperação e cuidados de enfermagem
O processo de recuperação vai depender do tipo de procedimento que foi definido pelo médico. Em caso de uma cirurgia laparoscópica, o mais provável é que a paciente receba alta já no mesmo dia. Será então necessário reduzir as atividades físicas e a recuperação completa ocorrerá em até um mês.
Se o procedimento realizado for a laparotomia, onde é realizada uma incisão mais profunda, é preciso que a paciente permaneça no hospital por alguns dias. As atividades físicas devem ser evitadas, além de qualquer tipo de movimento que possa tencionar ou esticar a região onde foi feita a incisão.
Já a alimentação deve ser à base de líquidos e os alimentos sólidos só serão permitidos no dia posterior à cirurgia. Quanto ao tempo de recuperação, será por volta de seis semanas.
Mesmo nos casos que não seja necessária uma cirurgia e o tratamento for feito à base de medicamentos, é fundamental o monitoramento médico para que seja verificada a resolução completa da gravidez ectópica.
No tratamento feito com a ingestão de remédios é recomendado beber bastante água, comer alimentos ricos em fibras e tomar laxantes (caso seja recomendado pelo médico) a fim de evitar a constipação.
Prevenção: Como evitar esse problema
Não há como prevenir totalmente uma gravidez ectópica. Apesar disso, existem algumas formas de reduzir os fatores de riscos:
- Usar camisinha: uma das formas de reduzir os riscos é usar camisinha para se prevenir de doenças sexualmente transmissíveis, que podem causar inflamações na região pélvica e contribuir para uma gravidez irregular.
- Deixar de fumar: o cigarro pode aumentar as chances de uma gravidez ectópica. Por isso, caso não consiga parar totalmente de fumar, o recomendado é ao menos reduzir a quantidade de cigarros por dia.
- Tratar-se em caso de infecções: no caso de infecção na região íntima da mulher, é fundamental que o tratamento seja feito imediatamente. Dessa forma, poderá evitar que o sistema reprodutivo se inflame e que aumente o risco da gravidez ectópica.
A gravidez ectópica pode trazer riscos para a vida da mulher e, por essa razão, é fundamental estar atenta aos sinais e consultar o médico em caso de qualquer suspeita para garantir o tratamento imediato.
Gravidez ectópica abdominal
A gravidez ectópica abdominal ocorre quando o óvulo fertilizado se prende na cavidade abdominal, entre os órgãos. Trata-se de uma condição bastante rara e que precisa de uma avaliação mais detalhada.
Essa é uma gravidez complicada, pois os órgãos da mulher acabam sendo comprimidos conforme o feto cresce. Além disso, existe a possibilidade de os vasos sanguíneos se romperem, o que pode até mesmo ser fatal.
Apesar disso, há casos de mulheres cuja gravidez chegou à 38ª semana, possibilitando realizar uma cesariana para o bebê nascer. Dessa forma, esse é considerado o único tipo de gestação ectópica onde existe uma possibilidade de o bebê sobreviver.
Gravidez ectópica no ovário
Nesse tipo de gravidez, o embrião se implanta na superfície do ovário. Nesse caso, os vasos sanguíneos que recobrem o ovário acabam sendo destruídos conforme o embrião cresce, resultando em sangramento.
Por essa razão, é necessário obter cuidados médicos imediatamente e realizar um procedimento cirúrgico.
Gravidez ectópica dura quanto tempo?
É possível que o feto sobreviva por algumas semanas. Porém, o rompimento da trompa acontece entre cerca de 6 a 16 semanas, provocando sangramento e a morte do feto.
Não é possível salvar uma gravidez ectópica e, além disso, ainda há o risco elevado de morte da gestante se não for realizado o tratamento necessário. Por essas razões, é necessário remover o embrião antes que resulte em maiores complicações.
Gravidez Ectópica Rota
Quando identificada tardiamente (após 10 semanas de gestação), existe a possibilidade de a trompa se romper, o que é chamado de gravidez ectópica rota. Nesse caso, uma hemorragia interna pode acontecer, agravando a situação e colocando em risco a vida da mulher.
A mulher deve se encaminhar para receber atendimento médico rapidamente para não correr o risco de uma piora na situação.
Ultrassom
A ultrassonografia é feita por meio de uma sonda inserida na vagina. Quando o feto é localizado fora do local que deveria estar no útero, há a confirmação do diagnóstico.
Também é possível que não seja detectado o feto, o que ainda não descarta a possibilidade de gravidez ectópica. Isso porque é possível que a gestação ainda seja muito recente ou a gestação seja no útero.
É possível engravidar normalmente após a cirurgia?
Se as trompas não forem danificadas, a mulher poderá voltar a engravidar. Entretanto, no caso de lesões ou rompimento das trompas, as chances de gravidez são reduzidas.
Quando as duas trompas são afetadas, o mais indicado é recorrer a uma fertilização in vitro.
Gravidez ectópica e exame beta HCG
Quando a mulher apresenta sinais de uma gravidez anormal e o ultrassom não detecta nada fora do comum, é feito o exame de sangue para verificar o nível de hCG, hormônio produzido na gravidez.
Esse exame possibilita identificar com mais precisão uma gravidez precoce ou se é o caso da gravidez ectópica.
Gravidez ectópica dá positivo no teste de farmácia?
O teste de farmácia revela um resultado positivo em caso de gravidez ectópica. Se o teste dá positivo e há a suspeita de uma gravidez incomum, o médico solicita uma ultrassonografia ou exame pélvico para ajudar a identificar se há obstruções na região.
Gravidez ectópica após uma laqueadura
Apenas 1% das mulheres acabam engravidando após uma laqueadura e, na maioria desses casos, consiste em uma gravidez ectópica. Por esse motivo, se há atraso na menstruação, é importante que a mulher laqueada consulte sem demora o seu ginecologista.
Na gravidez ectópica ocorre menstruação?
Os primeiros sinais de uma gravidez ectópica podem incluir um pequeno sangramento e cólicas e, por essa razão, o que muitas vezes é confundido com a chegada da menstruação.
Porém, o sangramento pode apresentar um aspecto incomum. Isso porque a intensidade geralmente é maior ou menor, além de a aparência ser mais escura ou então mais aguada que o normal.
O útero cresce nesses casos?
Em uma gravidez ectópica, o útero não cresce como em uma gestação comum. Apesar disso, há casos em que uma gravidez fora do útero, como no caso da gestação abdominal, pode ser notada uma saliência na barriga.
Referências
http://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-feminina/complica%C3%A7%C3%B5es-da-gravidez/gravidez-ect%C3%B3pica
https://pt.wikihow.com/se-Recuperar-de-uma-Gravidez-Ect%C3%B3pica
https://www.tuasaude.com/gravidez-ectopica/
https://www.mdsaude.com/2013/10/gravidez-ectopica.html
https://noticias.r7.com/saude/gravidez-ectopica-desconforto-e-dores-podem-ser-sinais-de-gestacao-nas-trompas-20082017
https://www.greenme.com.br/viver/saude-e-bem-estar/5545-gravidez-ectopica