Mamães de todo o mundo se preparam das mais diversas formas para a chegada de seus pequeninos e pequeninas, porém, com uma juventude tão conectada e engajada, é cada dia mais importante que a relação entre os pais e os filhos seja muito bem pensada, não somente nas primeiras fases de vida da criança.
É óbvio que cada família tem seus valores, modos de conduzir e criar seus filhos e laços familiares, porém, se o apoio na educação e compreensão dos pequenos transbordar dos anos iniciais e atingir as fases da adolescência, certamente as mamães e papais ficarão mais seguros no andamento da criação.
Identidade de gênero, redes sociais, séries e filmes em streamings, campeonatos de jogos eletrônicos, modas malucas e dancinhas sem sentido… é difícil se manter atualizado e acompanhar o ritmo deles.
A solução parece ser uma só: criar laços de confiança para que as crianças desejem inserir seus pais aos poucos em suas realidades, a um ponto que eles compartilhem tanto os seus assuntos que sempre que acontecer uma novidade dentro da realidade social em que estão inseridos, seus responsáveis, sejam eles pais, tios ou avós, adotivos ou de sangue, estejam na lista das pessoas que viverão as experiências com eles.
Novas velhas famílias
Não é difícil encontrar um livro que ofereça uma boa dica para mães, ou um blog ou uma página de conteúdo como esta, que busca auxiliar quem quer fazer o melhor possível para os seus pequenos.
E como se pode ver, sempre que se fala em fazer o melhor, será dito algo a respeito de conexão, comunicação e confiança.
No fim, percebe-se que não se trata apenas de tomar medidas de segurança e adaptar a casa para a chegada de um bebê.
As preocupações sobre como se alimentar durante a amamentação, como fazer uma boa papinha, qual é o melhor berço, como instalar telas de proteção, descobrir qual o suporte de tv mais seguro ou qual o forno ideal para quem tem filhos, são apenas algumas das etapas da maternidade e, conforme as crianças vão crescendo, elas parecem se tornar cada vez menos relevantes.
Todas essas questões realmente são importantes para pais e mães de primeira viagem, mas não chamam tanta atenção de quem já passou por essas experiências com seu primeiro filho.
É aí que chegamos no que realmente interessa aos pais e mães de adolescentes: como criar laços mais fortes com eles?
O que essa tal geração Z quer? Quem é essa Geração Alfa que está em pauta? Dancinhas do Tiktok são a nova técnica para fazer os filhos comerem legumes? E, pelo amor de Deus, o que é “cringe”?
Vamos falar mais sobre isso…
Um choque para todas as gerações
A Gen Z é uma nomenclatura usada para a geração de pessoas nascidas entre os anos de 2000 e 2010, que são os adolescentes e jovens adultos que ditam as tendências das redes sociais, moda e cultura atual. São o maior público alvo das grandes marcas e produtoras de conteúdo, além de serem, provavelmente, seus filhos e netos.
Além dela, há a geração Alfa, que compreende os nascidos de 2010 em diante, ou seja, as crianças de até 12 anos de idade, ainda na fase de amadurecimento.
Embora não sejam uma parcela ativa do mercado, os pequenos influenciam muito, mesmo que indiretamente, os rumos das tendências de diversas áreas, criando a demanda para segmentos específicos destinados a eles.
É nessa alçada que se tem um panorama relevante de como se relacionar com esses jovens.
Muitos dos pais da Geração Alfa são os famosos “Millennials”, uma geração de pessoas nascidas entre 1985 e 1999, que curtiu pop punk, assistiu ao penta, acompanhou a guerra no Iraque, o governo Bush e tantos outros acontecimentos que marcaram as últimas 3 décadas.
A relação entre os pais Millennials e os filhos da Geração Alfa, por mais que pareça próxima, dado o fato de que ambos são familiarizados com um mundo interligado e dinâmico com a internet, celulares e computadores, não é tão simples.
Rudiger Maas, psicólogo e filósofo alemão focado em estudos geracionais, analisa em seu livro “Geração Inviável” as questões envolvidas na relação de pais Millennials com seus filhos da Gen Alpha e a atenção que deve se tomar com o tanto de informações que é apresentada para essas crianças ao decorrer de seu desenvolvimento.
A conclusão que Maas chegou é de que a quantidade excessiva de opções, informações e tecnologias está criando uma geração de ansiosos e deprimidos – o que é realmente de se esperar, uma vez que essa é a primeira geração de “nativos virtuais” – aqueles que não conhecem um mundo sem internet.
Talvez essa seja uma geração capaz de criar futuras crianças para viver nesse contexto, mas os pais Millennials não estão predispostos a entender por que os novos adolescentes não conseguem se desenvolver sem um tablet ou celular nas mãos.
As dores e angústias dessa nova “leva” de pessoas não é completamente entendida por seus responsáveis, por mais próximos que estejam dessa realidade.
E isso se repete quando se fala da relação entre os pais millennials e os filhos da Gen Z, pois embora tenham nascido antes do advento das redes sociais e toda essa loucura atual, eles também estão inseridos em um microcosmo social muito, mas muito, opressor, com tendências novas a serem acompanhada e incorporadas a todo momento, sob pena de serem chamados de “normies” – pessoas básicas, por fora das tendências e sem personalidade.
É um mundo cruel para os jovens, e os pais têm que ter a empatia e a sensibilidade de se inserir de uma forma respeitosa e paliativa no mundo deles.
Bons Ventos
Em contrapartida a tudo que já foi dito, há dados animadores no que se refere a essa nova geração de pais e filhos.
Uma pesquisa realizada pela Think With Google revela dados que mostram uma real evolução no entendimento dos pais e mães quanto à composição familiar, principalmente em relação à função dos pais dentro desse contexto.
Segundo a pesquisa, 88% dos pais millennials entrevistados sentem que é minimamente importante “ser o pai perfeito”, e nesta alçada se tem o dado animador de que termos relacionados a bebês em dispositivos digitais dos EUA cresceram 55% entre 2014 e 2015 .
A mesma pesquisa revela que 99% dos usuários de dispositivos móveis recorrem à internet quando precisam de ajuda para realizar alguma tarefa – e o número de pesquisas relacionadas a tarefas com filhos ou bebês aumentou em 49%.
Recorrer a conteúdos mais dinâmicos e fáceis, capazes de ampliar o entendimento e a participação na criação e no convívio com seus filhos, tem se mostrado não só a mais popular, mas, também, a mais eficiente forma de lidar com essa enxurrada de novidades que aparecem em todos os lugares no dia a dia.
Dar o braço a torcer para entender que por mais que tenhamos aprendido muito com nossos pais, estamos inseridos em uma nova realidade e, com isso, é gerado uma nova condição de vivência, tanto para os pais quanto para os filhos.
Por sorte, junto aos novos dilemas, também existem novas ferramentas para solucionar antigos problemas. Trata-se apenas de não desistir de procurá-las.