Muitas pessoas já ouviram falar em depressão pós-parto, mas nem todas entendem o que ela é e o que causa na mulher que deu à luz recentemente.
Passar por uma gravidez já é uma situação delicada, afinal, o futuro guarda muitas novidades. Mas depois do parto, as mulheres podem passar por um período de desconforto psicológico mais profundo, que é chamado de depressão pós-parto.
Conversamos com a psicóloga e terapeuta Solange Rosset, que respondeu algumas das dúvidas mais comuns sobre a depressão pós-parto, como sintomas, tratamento e causas.
Leia e entenda melhor o assunto.
A depressão pós-parto ocorre em todas as mulheres?
A depressão pós-parto é um agravamento de sentimentos que são naturais em todas as mulheres que acabaram de ter bebê. São sentimentos de tristeza, perda, junto com a sensação de que não dará conta da tarefa.
São naturais, pois surgem do estresse do trabalho de parto, da insegurança da situação nova, da perda da barriga, de todas as mudanças que a fase traz.
Esses sentimentos dividem espaço com os sentimentos de alegria e autoestima pelo trabalho feito e pelo bebê que ali está.
Podem surgir sem que a mulher perceba, e na maioria dos casos desaparece sem causar muitos problemas.
As causas para a depressão pós-parto ainda não foram estabelecidas mediante verificação, mas através dos estudos já realizados, percebeu-se que alguns grupos de mulheres estão mais propensos a desenvolverem a doença.
Entre elas, estão:
- Mulheres que já sofreram de depressão em algum outro momento da vida;
- Mulheres que perderam algum ente querido recentemente ou mesmo no passado;
- Mães solteiras ou que moram longe da família (sem um suporte emocional presente).
A depressão pós-parto pode ser considerada normal?
Em algumas mulheres, os sentimentos aparecem mais fortes e ambivalentes e, além de causarem muitos problemas, podem durar muito tempo. Sendo que muitas vezes é necessária alguma medicação para que não fiquem resíduos dessas dificuldades.
Por que a depressão pós-parto ocorre?
A instalação de sentimentos mais fortes e desorganizadores podem ocorrer por várias razões internas da própria mulher como:
- O funcionamento infantil de insegurança e carência;
- A dificuldade em lidar com frustrações e dificuldades;
- Problemas de estrutura da personalidade.
Ou dificuldades do contexto como:
- Dificuldades e problemas com o bebê;
- Dificuldades econômicas;
- Não ter ajuda ou aconchego nas relações familiares;
- Excesso de trabalho com outros filhos e casa;
- Dificuldades conjugais.
Sintomas mais comuns
- Depressão;
- Insegurança;
- Não saber o que fazer com o bebê;
- Não ter disponibilidade ou desejo de cuidar do bebê;
- Ansiedade;
- Muito choro ou desespero.
Quanto tempo dura essa depressão em média?
A depressão pós-parto é mais comum do que se possa imaginar e pode durar meses e até anos.
Cerca de 10% das mães passam por depressão pós-parto, que pode iniciar a partir do primeiro mês de vida do bebê ou até ele completar um ano.
Há ainda os casos em que a mãe já vinha deprimida durante a gravidez e, com a chegada do mais novo membro da família, ela desenvolveu uma depressão pós-parto logo nas primeiras semanas.
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Uma pesquisa realizada pela Escola Nacional de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz, revelou que uma em cada 4 brasileiras são acometidas pela depressão pós-parto.
Depressão pós-parto tem cura?
Sim, a depressão pós-parto pode ser tratada e curada, sendo para isso necessário que a mulher, o cônjuge ou a família reconheça os sintomas e procurem ajuda médica o quanto antes.
Causas
Como citamos anteriormente, as causas propriamente ditas ainda são desconhecidas pelos médicos.
Porém, existem alguns fatores que podem aumentar os riscos de desenvolvimentos de uma DPP ou que podem estar ligados diretamente a ela.
O primeiro deles é obviamente a alteração hormonal brusca pela qual o organismo passa.
Os hormônios femininos da gravidez cessam e agora o organismo se prepara novamente para o estado de não-gravidez. E isso causa uma verdadeira montanha russa!
Por isso, o pós-parto pode ser um período um pouco conturbado e de alterações no humor, por si só.
Agora, os outros fatores que estão ligados à DPP incluem ainda:
- Predisposição genética ou histórico de depressão na família;
- Complicações na gravidez ou na saúde do bebê após o nascimento;
- Ocorrência de quadros depressivos anteriores ao nascimento do bebê (inclusive durante a própria gravidez);
- Problemas conjugais, financeiros e baixa autoestima;
- O desgaste físico e emocional que vem com as responsabilidades de criar um bebê.
Tratamento para a depressão pós-parto
A psicóloga Solange Rosset responde: “O melhor tratamento é preventivo: quando a mulher já apresenta comportamentos que podem desencadear na depressão pós-parto, pode-se fazer um processo terapêutico individual ou do casal, para aprenderem a lidar com as dificuldades que surgirão e a se ajudarem”.
Quando as dificuldades já estiverem instaladas, uma terapia poderá ajudar a mulher a aprender a lidar com a vida adulta e o fato de ser mãe, e poderá auxiliar o casal a resolver as questões entre eles.
Mas quando os sintomas forem muito sérios poderá ser necessário avaliar a necessidade de medicação.
Uso de antidepressivos
Quando a depressão atinge determinado nível, onde a ansiedade da mãe em relação a si mesma e ao bebê pode gerar até mesmo pensamentos de suicídio ou violência, é recomendado que o tratamento seja feito à base de antidepressivos.
Assim, o cérebro da mulher irá começar a produzir mais hormônios de bem-estar até que sua própria mente e organismo consigam atravessar esse momento difícil.
Terapia
Quando a depressão está ainda no início ou percebe-se que os sintomas são mais leves (cansaço contínuo, indisposição, choro repentino, falta de apetite…) é recomendado que a mulher passe por terapia com um profissional especializado.
De qualquer forma, mesmo que haja a intervenção medicamentosa, a terapia é fundamental para que a mamãe possa se redescobrir e encontrar novamente a vontade de viver, para si e para o bebê.
Como prevenir esse problema
Não existe uma cartilha perfeita para prevenir o desenvolvimento de uma DPP.
Contudo, existem algumas coisas que podem ser feitas para evitar ao máximo que isso venha a ocorrer.
Uma maneira bastante eficiente é encarar a chegada do bebê exatamente como o momento é: assustador e magnífico.
Evite cobrar de si mesma
Experiência e total dedicação ao bebê nos primeiros dias (especialmente se for seu primeiro filho).
A experiência é conquistada aos poucos. Permita que pessoas próximas a você auxiliem no cuidado e na orientação para com o bebê.
Aos poucos você se sentirá completamente segura para cuidar de seu filho sozinha, mas não se cobre demais!
Se sentir algum receio, medo ou ansiedade em relação à chegada do bebê, converse com alguém de confiança!
Pode ser o cônjuge, a mãe, irmã ou amiga. Não guarde medos e sentimentos temerosos dentro de si. É normal sentir medo nessa etapa e não faz mal dividir isso com os outros.
Ao primeiro sintoma de DPP, agende uma visita ao médico!
A depressão pós-parto não é um bicho de sete cabeças e pode acontecer com qualquer pessoa.
Encare-a como ela é (uma doença comum, que tem cura) e não demore a buscar um diagnóstico preciso e iniciar um tratamento, se necessário.
Dicas para superar uma depressão pós-parto
Se você já se diagnosticou com a depressão pós-parto e está buscando todos os meios para melhorar seu quadro, aqui vão dicas leves e que irão ajuda-la a passar por isso de maneira mais simples.
Não seja sua própria inimiga, contribua para a sua melhora!
Faça alimentações balanceadas
É normal não sentir vontade de comer nesse momento, mas não comer nada não irá fazer com que você melhore e pode trazer outras complicações para a sua saúde. E não queremos isso, não é verdade?
Exercícios físicos são sempre bem-vindos
Se você já passou do período de resguardo, pode ver com seu médico a possibilidade de entrar em aulas de pilates, fazer caminhadas diárias ou quem sabe até fazer aula de dança!
Os exercícios físicos estimulam o organismo a produzir hormônios de bem-estar e ainda deixam você mais saudável e fitness.
Não falte as sessões de terapia e tome os medicamentos receitados
Não falte as sessões de terapia por vontade própria. Quanto mais rápido você descobrir o que levou ao desenvolvimento de uma DPP, mais rápido você pode encontrar uma forma de reencontrar-se.
Não se isole
Esse não é o momento de ficar sozinha, especialmente se não estiver fazendo nada.
Converse com familiares e amigos, saia sempre que possível, leve o bebê para visitar aquela sua amiga que há anos você não vê.
Procure sempre conversar com aqueles ao seu redor, compartilhando com eles seus anseios e esperanças para o futuro.
Pode causar afastamento do trabalho?
Qualquer tipo de depressão que atinja um quadro crítico impossibilita qualquer pessoa de desenvolver bem suas habilidades até mesmo na vida comum, que dirá em um ambiente de trabalho.
Nessa questão, deve ser analisada qual o tipo de empresa ou órgão em que a mulher com DPP trabalha, e, consultar um advogado especializado na área para que ele esclareça para a família os direitos que essa mãe-trabalhadora tem, junto à justiça.
Como a família pode ajudar no tratamento?
A família é peça fundamental no tratamento de qualquer tipo de depressão, incluindo a DPP.
Quanto mais apoio a mãe receber da família melhores são as chances de que a depressão seja tratada depressa.
É importante ressaltar também que a família deve respeitar o tempo da mãe com DPP. Entender a doença e como ela atua pode ser uma forma de encarar a situação com mais prudência e menos cobrança.
Amamentação e depressão pós-parto
Como a DPP causa certo afastamento da mãe em relação ao bebê, uma das dicas durante o tratamento é estreitar os laços entre mãe e filho.
A amamentação é um momento ímpar, onde o bebê se sente amparado e querido e onde a mãe sente que pode protege-lo de tudo no mundo.
Dessa forma, incentivar a amamentação durante a depressão pós-parto é uma maneira de fazer a mãe sentir-se capaz de proteger e cuidar de seu filho, e desenvolver novamente o afeto por ele (caso ela esteja passando por um período de rejeição ou desafeto com o bebê).
Além disso, é um ótimo momento para conversar e acariciar o bebê, aproximando os laços maternos.
Depressão pós-parto tardia
A depressão pós-parto não se manifesta apenas logo após o parto.
Ela pode acontecer em qualquer momento até o bebê completar um ano, mesmo que a mãe tenha encarado bem a chegada do bebê e não tenha demonstrado nenhum sinal de tristeza ou melancolia profunda.
Nesses casos, deve-se procurar um profissional psicólogo tão logo se perceba o surgimento dos sintomas de uma DPP.
tenho uma filha de 3 anos acho que tive depressao pos parto da minha primeira filha, e to gravida novamente to com 9 meses de gestaçao e tenho medo de ter novamente tem algum tem tratamento pra mim nao ter mais depressao pos parto
oiii sou gestante estou com 8 meses,me sinto muito insegura com medo agora que esta próximo ao parto,sinto um vazio antes eu trabalhava agora to em casa sinto falta do cerviço mas eu sei que parei por causa da bebe,sinto me sozinha por mais que meu marido fique ao meu lado,sera que e normal sentir isso ou e depressão,obrigada