Aos olhos de muita gente, um bebê cheio de dobrinhas é sinônimo de saúde e muita fofura! Se o bebê come bem, da mesma forma, é motivo de orgulho – os pais enchem a boca para dizer que o filho não tem problema para comer, muito pelo contrário! Mas os médicos geralmente têm outra opinião sobre esses bebês: o que para os familiares é só um bebê rechonchudo para o pediatra pode ser um bebê acima do peso.
Segundo dados do Ministério da Saúde, quase 10% das crianças com menos de 5 anos no Brasil estão com sobrepeso. Desse total, aproximadamente 7% caracterizam obesidade infantil sem que os pais se deem conta disso. Por causa do senso comum, é difícil que pais de crianças com excesso de peso procurem ajuda. No entanto, bebês obesos têm um problema sério que merece atenção.
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Cuidado com o sobrepeso
Para quem acha que se preocupar com o peso de uma criança tão cedo é fazer tempestade em copo d’água, atenção! Pesquisas recentes demonstram que aproximadamente 70% das crianças gordinhas se tornam adultos obesos. Além disso, uma pesquisa realizada pela Universidade da Carolina do Sul, nos EUA, feita com bebês de até 18 meses, atestou que o sobrepeso em bebês pode comprometer o seu desenvolvimento motor. Bebês acima do peso podem ter dificuldade para começar a engatinhar ou andar, por exemplo.
Também é comum associar o excesso de peso a uma tendência do bebê a ser gordinho mesmo. No entanto, o que os especialistas dizem é que, exceto nos casos de doenças metabólicas, bebês com sobrepeso são o resultado de má alimentação e de pais que não reconhecem que o filho está engordando mais do que deveria. Portanto, para prevenir ou reverter esse problema, o cuidado – e o bom exemplo – dos pais é fundamental. O que fazer então se seu bebê está acima do peso?
Amamente!
De acordo com o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS), a amamentação exclusiva até os 6 meses e continuada até pelo menos 2 anos é uma das melhores formas de prevenção à obesidade infantil e adulta.
Um dos fatores dessa proteção é a presença no leite materno de um hormônio chamado leptina. Ele inibe o apetite e dá maior sensação de saciedade. Pesquisas conduzidas pela Instituto de Saúde da Criança, em Londres, na Inglaterra, demonstram que bebês alimentados com leite materno apresentam crescimento em ritmo adequado enquanto bebês alimentados com fórmula (leite artificial) crescem e ganham peso rápido demais. O problema é que esse crescimento muito acelerado aumenta as chances de o bebê desenvolver obesidade, hipertensão, diabetes, colesterol alto e problemas cardíacos no futuro.
Veja algumas dicas para que seu bebê se alimente bem, com o Pediatra Daniel Becker:
Diversas pesquisas também mostram que os múltiplos benefícios que a amamentação traz para o desenvolvimento psicológico e físico do bebê contribuem para um ganho de peso mais saudável e equilibrado. Por isso, procure um pediatra que incentive a amamentação e não estimule o uso de fórmulas na primeira dificuldade.
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Valorize a introdução da alimentação complementar
Esse é um momento-chave na vida dos pequenos – os hábitos alimentares adquiridos nesse primeiro contato com a comida “programam” nosso cérebro e influenciam nossos hábitos e preferências pelo resto da vida. Por isso, é muito importante fazer um esforço para que seu bebê coma de forma saudável desde cedo.
Para ter sucesso nessa empreitada o principal é ter paciência. Até o momento da introdução dos alimentos sólidos os bebês só conhecem o gosto do leite, e é normal que rejeitem qualquer sabor que ainda não conhecem. Por isso, a recomendação do projeto “Obesidade Infantil Não” é insistir na oferta de um alimento de 8 a 10 vezes, sempre de formas diferentes e interessantes.
Confira outras orientações importantes para manter o peso do seu bebê sob controle:
- modere no sal – o sal (assim como o açúcar) faz com que o bebê coma mais do que precisa;
- só ofereça bebidas e papinhas doces sem açúcar – seu bebê vai se acostumar ao açúcar natural das frutas e nunca vai sentir falta do açúcar extra que nós consumimos;
- não dê suco antes do bebê completar 1 ano de idade – a orientação é da Sociedade Brasileira de Pediatria – sucos têm maior concentração de açúcares e nenhuma fibra; já os sucos industrializados têm açúcar refinado em quantidade excessiva e não são uma boa opção em nenhuma fase da vida;
- não decida complementar a amamentação com leite artificial por conta própria – não é só porque seu bebê chora muito, por exemplo, que está passando fome. Qualquer decisão relacionada à alimentação do bebê precisa ser orientada por um pediatra e um nutricionista;
Para mais informações e recomendações sobre como evitar bebês acima do peso você pode consultar o Manual “Dez passos para uma alimentação saudável para crianças menores de 2 anos”, do Ministério da Saúde, aqui.