Já ouviu falar na ansiedade da separação do bebê? Confira o que a psicóloga Clínica Mirtes Gonzales tem a falar sobre o assunto:
Após carregar no ventre nove meses um serzinho tão especial, quando nasce o bebê ele já está conectado por inteiro com esta mãe, tornando esta relação muito simbiótica. Durante seu primeiro ano de vida o bebê vai construindo um elo muito forte com a mãe (ou cuidador).
Entre o sexto e o nono mês de vida do bebê, ele começa a perceber que é um ser separado da mãe. Como resultado, as crianças podem ficar mais choronas, sensíveis e exigirem mais a atenção da mãe. É um grande marco cognitivo na vida do bebê. Este momento é caracterizado pelo entendimento de como a mãe representa para o bebê o seu mundo e sua segurança, quando ela se afasta pode ser uma dor insuportável. Entenda como esta mudança ocorre e como lidar com esta ansiedade de separação.
Ansiedade da separação do bebê
Quando o bebê nasce ele sente a mãe (ou cuidador) como extensão de seu próprio corpo, não sabe diferenciar o eu do não-eu. Segundo Winnicott, ao sugar ao seio, mais do que olhar para este, o bebê olha para o rosto de quem o está amamentando e quando olha no rosto da mãe o que vê é ele mesmo.
Conforme ele vai se desenvolvendo, começa a tomar posse de seu próprio eu, do seu corpo e sua independência. Começa perceber a mãe como um ser diferente de si mesmo. E isso passa a trazer mais medo e angustia da separação para a criança. A mãe serve como base segura para esse bebê e traz o sentimento de segurança e alívio para as ansiedades infantis. É natural que um bebê indefeso fique chateado por ter sido separado da pessoa que cuida dele.
A ansiedade de separação é uma etapa normal do desenvolvimento emocional, quando o bebê perceber que existe e é independente de você.
Aos poucos o bebê vai descobrindo seu corpo, as mãos, pés, inicia-se o desenvolvimento psicomotor ainda rudimentar e assim vai se formando uma imagem do seu corpo.
É importante ressaltar que para um bebê muito pequeno só existe aquilo que está no seu campo de visão, então quando a mãe não está ele pode realmente ficar em pânico.
Os bebês começam a formar relações importantes com pessoas em sua vida, a partir do momento que tomam ciência do mundo ao seu redor. Eles aprendem que certas pessoas são vitais para sua sobrevivência. Como o bebê não sabe como o mundo funciona, não entende como as pessoas aparecem e desaparecem. Quando as pessoas especiais para o bebê somem da sua vista, ele não tem como saber se sumiram para sempre ou não. E aé eles expressam seu descontentamento chorando ou se agarrando às pessoas.
Nessa fase, também a presença paterna é muito importante para a construção do triângulo familiar. Quanto mais os dois estiverem juntos, melhor será a criação do vínculo e da proximidade entre os dois.
Aqui algumas dicas de como ajudar seu bebê a se adaptar aos momentos de separação sem muitas ansiedades:
Pratique separações rápidas e diárias
Nesta fase, fazer brincadeiras onde a mãe se esconde atrás de uma almofada ou fralda e aparece dizendo “achou” é uma maneira de ajudar o bebê aceitar que a mãe não irá desaparece para sempre.
Um objeto também pode ser introduzido para acalmar no momento de separação da mãe, pode ser uma chupeta, um paninho, qualquer objeto que ele goste e que o acalme.
Criar para o bebê oportunidades de expor a separações breves, seguras e rápidas. Incentive seu bebê a brincar com outras pessoas e aos poucos vá saindo.
Cante uma canção, faça de modo que o bebê saiba que você está por perto, mesmo não podendo te ver. Pratique estas separações breves várias vezes ao dia.
Evite a transferência de colo para colo
Sempre que se transfere o bebê do colo da mãe para o de uma pessoa não tão familiar, pode gerar uma ansiedade de separação muito grande no bebê. Isso porque criança sai de uma segurança e vai para os braços de alguém não conhecida, causando um descontentamento e desconforto.
Para diminuir esta ansiedade, faça de forma que o bebê esteja brincando no chão, sentado na cadeirinha ou bebê conforto. Peça para a pessoa sentar do lado e interagir com a criança. Enquanto isso a mãe pode falar um “tchau” rápido, porém positivo, num tom de felicidade. Assim que sair de casa, diga para o cuidador pega-lo no colo e distrai-lo com algum brinquedo. Nunca saia de fininho sem que o bebê o veja, sempre se despeça e diga que “mamãe volta logo” Brinque com uma bola, faça a bola rolar no chão, bata com ela na parede de forma que ela volte e diga para a criança: “Olha, igual a mamãe, ela vai mas volta”.
Entenda a ansiedade da separação como um sinal positivo! É extremamente normal que seu filho tenha este apego e deseje esta proximidade constante com a mãe, isto evidência que o laço afetivo que a mãe estabeleceu com a criança está seguro. É perfeitamente natural para a mãe ter esta angustia de separação, afinal de contas foram muitos meses juntos neste apego mútuo.
Quando a mãe relaxar em suas expectativa de independência, certamente irá ajudar seu bebê a relaxar também e a ter menos ansiedade nas horas de separação entre eles. Com o passar do tempo e ao se tornar mais sociável e confiante de que a mãe voltará mesmo depois de deixá-lo na creche, escolinha ou sob os cuidados de babá e de outra pessoa, o bebê vai conseguir superar seus temores e começar a formar sua própria identidade.
Autora:
Mirtes Gonzalez
Psicóloga