As alergias causadas pelo consumo de determinados alimentos cada vez estão se tornando mais comuns, sendo a alergia à proteína do leite a mais recorrente entre crianças.
Estudos indicam que ela afeta 2,2% das crianças antes de completarem um ano de vida e é causada por uma reação do organismo quando o nutriente é ingerido.
Os bebês que apresentam essa alergia podem manifestar sintomas leves, como vermelhidão na pele e coceira, até graves reações, como choque anafilático, o que pode levar à morte. Isso faz com que seja essencial realizar o diagnóstico para que o tratamento seja feito o quanto antes.
Neste artigo, descubra 9 importantes informações a respeito da alergia à proteína do leite e o que deve ser feito se o seu bebê for afetado por ela.
O que é alergia à proteína do leite?
A alergia à proteína do leite de vaca (que é também conhecida pela sigla APLV) é a alergia mais comum em bebês. Ela é causada pelas proteínas que compões o leite (beta-lactoglobulinas e alfa-lactoalbuminas) e pode aparecer quando o leite de vaca é introduzido na alimentação do bebê.
Nesse caso, o organismo reage e começa a combater a proteína do leite, tratando-a como se fosse um “corpo invasor”, da mesma forma que atacaria uma bactéria ou uma infecção.
Em geral, o organismo do ser humano não é capaz de absorver moléculas grandes, como é o caso das moléculas do leite. Porém, nas primeiras semanas de vida o intestino está mais permeável para que possa absorver os anticorpos da mãe. Isso acaba permitindo que outras moléculas sejam absorvidas, levando a criança a se tornar sensível à proteína do leite de vaca.
Apesar de também afetar alguns adultos, essa alergia costuma se manifestar em bebês que começam a ingerir leite de vaca e derivados. Isso porque seu organismo ainda é imaturo e o consumo do leite pode iniciar um processo de inflamação. Em geral, a alergia desaparece por volta dos 4 anos de idade.
Há dois tipos de alergias, a imediata e a tardia. A alergia imediata surge nas duas primeiras horas após a criança ter contato com o leite. Já a tardia surge até 72 horas após o consumo de leite, apresentando principalmente sintomas intestinais.
O que provoca essa alergia?
As causas podem estar relacionadas a uma predisposição genética, já que cerca de dois terços das crianças que apresentam essa alergia têm familiares em primeiro grau que também têm APLV.
Também pode aparecer quando os bebês se alimentam de fórmulas infantis que apresentam a proteína do leite de vaca em sua composição. Por isso, o indicado é que, no caso do aleitamento materno for interrompido por alguma razão, seja oferecida uma fórmula que seja capaz de “quebrar” a proteína do leite.
A alergia pode surgir mesmo quando o bebê se alimenta exclusivamente do leite materno. Isso acontece porque, quando a mãe consome alimentos que contém leite, ele acaba passando para o seu leite.
Especialistas defendem que a melhor maneira de prevenir que a criança apresente alergia à proteína do leite é evitar oferecer leite de vaca, especialmente em seu primeiro ano de vida.
O mesmo vale para os seus derivados, como manteiga, iogurte, queijos, doce de leite, etc. Se a criança for alérgica, a mãe também deve evitar o consumo desses alimentos.
Como saber se o bebê tem alergia à proteína do leite?
Os sintomas podem surgir imediatamente após o consumo ou em até duas horas. Também há a casos onde os sintomas se manifestam dias após o consumo do leite.
As principais reações que indicam a alergia são:
- Inchaço;
- Asma;
- Vômitos;
- Coceira e vermelhidão na pele;
- Tosse seca;
- Choque anafilático;
- Prisão de ventre;
- Rinite;
- Rouquidão;
- Dificuldade para respirar;
- Sangue nas fezes.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é muito importante, pois assim é possível evitar complicações causadas pela alergia, como a asfixia e anafilaxia, que podem até mesmo levar à morte. Por esse motivo, a alergia deve ser investigada o mais breve possível.
O diagnóstico feito pelo pediatra tem várias etapas, em que são feitas algumas observações e exames para identificar a APLV:
- Relação entre o consumo do leite e manifestação dos sintomas;
- Idade em que os sintomas surgiram;
- Frequência em que os sintomas aparecem;
- Preparação do leite industrializado;
- Exame físico para verificação de sinais na pele;
- Duração da amamentação;
- Evolução do crescimento do bebê;
- Detalhes a respeito da introdução alimentar;
- Exame de sangue.
Como já foi explicado, além da observação dos sintomas, a alergia é verificada por meio de um exame de sangue.
É possível que os exames não sejam capazes de confirmar o problema. Quando isso acontece, ele só é confirmado quando a criança deixa de ingerir o leite e seus sintomas desaparecem.
Em seguida, o diagnóstico é feito pelo pediatra através da provação oral, onde o leite é oferecido à criança para avaliar a alergia.
Por conta disso, pode ser que o diagnóstico leve até 4 semanas para ser feito, o que vai depender da gravidade e do tempo que leva para o aparecimento e desaparecimento dos sintomas ao consumir o leite.
Quais as diferenças entre APLV e intolerância à lactose?
É comum que algumas pessoas confundam a alergia à proteína do leite com a intolerância à lactose. Porém, tratam-se de casos diferentes.
Em relação à alergia ao leite, ela é causada devido a uma reação do sistema imunológico à proteína e os sintomas surgem não apenas devido ao consumo do leite, mas pode ocorrer pelo contato ou simplesmente com o cheiro do alimento.
Ela geralmente acontece quando o leite da vaca é introduzido na alimentação do bebê, que ainda tem seu organismo em desenvolvimento.
Como a alergia pode acontecer ao menor contato com o alimento, o recomendado é que os utensílios usados para o preparo das refeições das crianças alérgicas à proteína do leite sejam diferentes do restante da família.
Por outro lado, a intolerância à lactose acontece quando o organismo não produz a lactase, enzima que tem como função realizar a quebra do açúcar que há no leite. Dessa forma, de acordo com a quantidade de leite ou derivados consumidos, a pessoa intolerante apresenta sintomas como desconforto gástrico, inchaço e dores abdominais.
A intolerância à lactose é mais comum em adultos e idosos, mas também pode atingir crianças, apesar de isso ser algo raro. Quando isso acontece, tem como causa síndromes genéticas.
Há alguns casos em que a intolerância à lactose pode ser temporária, enquanto que a alergia à proteína do leite geralmente desaparece com o crescimento da criança.
Há um tratamento para alergia à proteína do leite?
O tratamento da alergia é feito excluindo o leite e seus derivados do consumo da criança, o que evita o surgimento dos sintomas. Também deve-se evitar os alimentos que contêm leite na receita, como sobremesas, biscoitos e molhos.
Por esse motivo, é fundamental que os pais cujo filho tem essa alergia estejam sempre atentos aos rótulos dos produtos, para evitar que aconteça de oferecer à criança algum alimento que contém leite em sua fórmula.
Na maioria das vezes acontece de o bebê começar a tolerar a proteína conforme ele vai crescendo, o que ocorre porque o seu organismo acaba se desenvolvendo e amadurece.
Cerca de 80% das crianças entre 3 a 5 anos de idade já não apresentam mais a alergia. Porém, é importante que a introdução de alimentos que contêm leite seja realizada de forma gradual e sempre com a supervisão de um médico.
É importante entender que nenhum outro leite de origem animal deve ser oferecido ao bebê que apresenta alergia ao leite da vaca, como é o caso do leite de cabra ou leite de ovelha.
O motivo é porque as proteínas que estão presentes nesses leites são semelhantes à proteína que é encontrada no leite da vaca. Por essa razão, ao consumir esses outros leites, o bebê também poderá vir a apresentar os mesmos sintomas de alergia.
Cuidados e restrições alimentares da mãe que amamenta
As mães de bebês que são alérgicos à proteína do leite e que estão em fase de aleitamento não precisam deixar de amamentar. Para que o aleitamento continue sem causar nenhum problema ao bebê, a mãe deve passar a manter uma dieta restritiva, que seja livre de leite e derivados.
Além disso, ela deve evitar o consumo de produtos que apresentam a proteína em sua fórmula. Porém, essa atitude só deve ser tomada no caso de orientação médica.
Tomando esses cuidados, não será necessário interromper a amamentação. Também é preciso ficar atenta para evitar o uso de sabonetes, cosméticos e medicamentos que contém leite.
A mãe não deve deixar de amamentar a criança por conta própria, mesmo no caso de estar numa alimentação sem lácteos. Isso porque é por meio das enzimas que o bebê obtém do leite materno que ele irá adquirir os anticorpos e proteínas capazes de fazer com que venha a tolerar esses alimentos futuramente.
Se a criança se alimenta de leite industrializado, o pediatra deve indicar qual o leite mais adequado e completo, mas que não apresente proteína de leite de vaca em sua formulação.
É importante ressaltar que a dieta da mãe deve ter o acompanhamento de um nutricionista. Isso porque, desse modo, é possível garantir que ela consuma todos os nutrientes que são indispensáveis para garantir a produção de leite e também manter a saúde do bebê.
Como garantir as doses recomendadas de cálcio ao bebê alérgico?
Essa é uma das maiores preocupações das mães, já que há o receio de que o filho não receba a quantidade adequada de cálcio, prejudicando o seu desenvolvimento.
Isso porque o cálcio é fundamental para a formação dos ossos e construção muscular, resultando no crescimento e desenvolvimento ideal da criança.
Porém, se o bebê ainda está amamentando, não há com o que se preocupar, pois o cálcio está sendo consumido por meio do leite da mãe na quantidade necessária. O mesmo acontece quando a criança faz o consumo de fórmulas infantis, já que elas apresentam as doses que são recomendadas.
Mas quando a criança é maior, pode ser necessário que ela faça a suplementação de cálcio por meio de medicamentos, já que sua dieta é restrita de leite e seus derivados. Além disso o cálcio também pode ser obtido de vegetais, como o brócolis e couve, por exemplo, que são alimentos ricos nesse mineral.
O melhor a fazer nesse caso é conversar com o pediatra a respeito da melhor maneira de fazer a suplementação após o desmame do bebê. Dessa forma, será possível evitar que ele venha a ter carência desse nutriente.
Bebês com APLV podem também ser alérgicos à soja?
De acordo com pesquisas realizadas, cerca de 10 a 30% das crianças que são alérgicas à proteína encontrada no leite também são alérgicas à soja. O motivo para que isso aconteça é que, da mesma forma que o leite, a soja é rica em proteínas, o que faz com que o sistema imune do bebê reaja.
Por esse motivo, muitas vezes não é indicado que o leite seja substituído por fórmulas à base de soja quando a criança tem APLV, já que a alergia à soja é comum nesse caso.
Se a criança tem a necessidade de fórmulas infantis, as indicadas são as fórmulas de aminoácidos ou com proteínas extensamente hidrolisadas, que contém moléculas menores e são melhor absorvidas pelo organismo.
Além disso, a soja não é indicada para bebês com 6 meses ou menos, pois ela contém hormônios fitoestrógenos, que não é recomendado nessa faixa etária. Como a soja não é uma proteína humana, também há o risco que seu consumo em excesso provoque alergia.
A criança com alergia à proteína do leite pode ter a mesma qualidade de vida das outras crianças, desde que evite o consumo. Qualquer reação diferente que ela apresente ao consumir leite e seus derivados deve ser informado imediatamente para o médico, para que ele possa realizar o diagnóstico.
Referências
brasil.babycenter.com/a25009833/alergia-a-leite-e-outras-alergias-em-crian%C3%A7as-pequenas#ixzz5Sy2dOrz6
tuasaude.com/como-saber-se-o-bebe-tem-alergia-ao-leite
danonenutricao.com.br/noticias/alergia-leite-vaca/voce-conhece-alergia-a-proteina-do-leite-de-vaca
blog.onemarket.com.br/sem-lactose/diferencas-entre-alergia-ao-leite-da-vaca-e-intolerancia-lactose
bebe.abril.com.br/saude/aplv-tire-suas-duvidas-sobre-a-alergia-a-proteina-do-leite-de-vaca
danonebaby.com.br/saude/sintomas-tratamento-aplv