Quando deixar o bebê comer sozinho? Confira nessa matéria:
A alimentação exerce um papel fundamental sobre a saúde da criança. O estímulo ao aleitamento materno exclusivo até o 6º mês de vida, aliado à introdução da alimentação complementar adequada até os dois anos de idade, são determinantes na formação de hábitos alimentares mais saudáveis.
Atualmente, com a modernidade e a facilidade de acesso a produtos industrializados (repletos de sal, açúcar e gorduras), a saúde das pessoas vem se modificando e as doenças como obesidade, diabetes e hipertensão têm aumentado muito, atingindo as crianças precocemente. Daí vem a preocupação com a introdução alimentar e que ela seja realizada de forma saudável e sem imposição à criança.
Mas também, agora, você deve estar percebendo como seu filho está crescendo rapidamente desde que nasceu. Ele está criando naturalmente independência. Você está conseguindo entender a importância da alimentação nesse processo, não é? À medida que a criança cresce, ela percebe que é um indivíduo separado e não uma extensão da mãe. Com essa identidade vai surgindo a vontade de fazer coisas sozinho. Se alimentar é uma dessas situações.
Comer com própria mão é o começo da autonomia, da sua independência como ser humano.
Com quantos anos um bebê pode comer sozinho?
A partir de seis a nove meses de vida, os pequenos ganham mais coordenação motora e começam a querer comer sozinhos, principalmente no momento em que há a introdução de alimentos sólidos. Uma criança consegue desenvolver suas habilidades à medida que a refeição tem novidades, novos sabores e cores. Se a introdução de alimentos variados for gradativa, ela fica curiosa e aprende a manipulá-los até conseguir segurar sozinha.
Entre 11 meses a um ano e meio, o bebê já deve querer segurar a sua colher. Mas vale ressaltar que cada criança tem seu tempo e é preciso paciência com a bagunça. Mas levar a colherada do prato para a boca pode demorar, e acontecer por volta dos dois ou três anos. Mesmo assim ainda é preciso a mamãe ou o papai cortar a comida para a criança e monitorar a refeição de perto.
Lembre-se: a questão é a criança se alimentar sozinha. Isso não quer dizer que você deve deixá-la sozinha com o alimento!
Quando deixar o bebê comer sozinho?
Se as pequenas e fofas mãozinhas do seu bebê já não param de pegar coisas – e acredite, ele vai levar tudo à boca! – é hora de se preparar para mais uma fase de grande aprendizado: comer sozinho.
É importante também que os pais observem se o bebê já troca os objetos de mão, explora as coisas com a boca e, principalmente, se senta sem apoios. O fato de se sentar sem ajuda indica maturidade suficiente do sistema digestivo para comer sozinho.
Quando a criança demonstra interesse e vontade de comer sozinha, deve ser incentivada e não ser reprimida. A bagunça é inevitável, mas a tolerância com a sujeira é fundamental, pois a bagunça faz parte da aprendizagem. O excesso de rigidez pode interferir no prazer da criança em explorar o alimento de maneira mais ampla.
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Como ensinar o bebê a comer sozinho
Dica 1: Deixe seu pequeno comer com as mãos! Ele não estará apenas se alimentando, mas exercendo uma atividade lúdica, amassando os alimentos, conhecendo novas texturas, observando as cores.
O processo de se alimentar sozinho começa com as mãos, quando o bebê pega pedaços de frutas, biscoitos, ou até mesmo a comida do prato. Somente fiquem atentos para a criança não engasgar, e corte os pedaços de alimentos em tamanhos compatíveis com sua capacidade de mastigação.
De acordo com especialistas, assim que o bebê consegue segurar objetos pequenos com os dedos, ele pode comer sozinho pedacinhos de banana, cenoura cozida, maçã ralada, etc. Com um ano, a criança geralmente já está “craque” em pegar coisas com a mão, e em mais alguns meses, pode comer de colher!
Pra ajudar no processo, quando der comida, é importante dar uma colher para o pequeno segurar. Como já explicado antes, o processo pode ser demorado, pois o ato da colherada do prato para a boca pode acontecer logo quando a criança iniciar esse processo (até mesmo por observar e copiar os pais fazendo o mesmo) ou pode demorar, por volta dos dois ou três anos de idade. Cada criança tem seu tempo para isso.
Dica 2: Permita a criança brincar com a comida. A diversão será inevitável e até mesmo saudável.
Dica 3: Introduza talheres na “brincadeira”. Quando seu filho conseguir comer com as mãos e começar a pegar a colher com você durante as refeições, ele provavelmente está pronto para aprender a comer sozinho com a colher. Existem no mercado diversos tipos desses acessórios para auxiliar a criança nesta fase. Os mais indicados são os de plástico ou silicone, não são pontiagudos, não possuem fios de corte, ou seja, não machucam e são mais fáceis de manusear.
Dica 4: Use copos com tampa e com alça (uma ou duas). Eles facilitam na hora de segurar.
Dica 5: Você está sendo observado! Sim. Seu bebê te observa e te imita a todo o momento. Nesta situação de criar independência na hora de comer não é diferente. O seu bebê terá você como exemplo a seguir no ato de levar a colher ao prato, “abastecer” com o alimento e levar à boca.
Dica 6: Elogie o esforço do seu filho. Certifique-se de que ele saiba que se alimentar sozinho é uma coisa boa e que ele lhe deixou orgulhoso.
Dica 7: Escolha estrategicamente os alimentos. Comece com alimentos mais grossos e densos, ou seja, fáceis de pegar e que ficarão firmes na colher, enquanto a maioria dos líquidos seria derramada antes que a criança consiga levar a colher à boca. Quando a criança progredir, você pode começar a colocar purês mais finos e sopas, por exemplo.
Método BLW
Existe uma técnica de introdução alimentar batizada pela consultora em saúde britânica Gill Rapley, como BLW (do inglês baby-led weaning, em tradução livre, Desmame Guiado pelo Bebê), em que os bebês são incentivados a agir de forma mais autônoma, comendo com as mãos pedaços de alimentos sólidos, como frutas e vegetais, em um ritmo próprio, fazendo com que a refeição seja um momento de descobertas, treino de capacidade de mastigar e deglutir os alimentos e também um momento de interação entre a família. Esse método tem conquistado cada vez mais adeptos na Europa, nos Estados Unidos e, agora, no Brasil.
A opinião de especialistas ao método BLW é positiva, mas recomendam atenção e cuidados, pois é necessário um equilíbrio no cardápio da família e o acompanhamento de um pediatra e nutricionista.
Entre seis a nove meses, o bebê encontra-se em uma fase de descobertas e põe instintivamente tudo na boca, inclusive a comida. Nesse contexto, o método BLW é, a princípio, mais uma brincadeira que uma forma de se alimentar e tudo vai depender do desenvolvimento do bebê. “No primeiro mês de introdução alimentar, eu recomendo dar a papinha. Mas se a criança tiver capacidade de mastigação e deglutição e ingerir as calorias necessárias para garantir o crescimento normal, essa brincadeira pode ser positiva”, defendeu o pediatra Gilson Bonomi, membro da Sociedade de Pediatria do Distrito Federal, para o site EBC.
Comprovado em pesquisa, os bebês adeptos do BLW se acostumam a fazer as refeições em família, um hábito positivo, que cria um momento de interação entre os pais e demais membros da família. Estudos anteriores já comprovaram que quando as crianças são acompanhadas pelos pais na hora das refeições, elas tendem a comer mais vegetais e ter o IMC (Índice de Massa Corpórea) mais saudável, entre outros benefícios.
O mais importante de tudo é deixar a criança tomar a iniciativa. Aprender a comer sozinha será um processo mais fácil e menos frustrante se os pais não tentarem forçar a fazer isso.