Um alerta para as futuras mamães: especialistas do Ministério da Saúde e da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) estão acompanhando a investigação de casos suspeitos de febre amarela silvestre no Estado de Minas Gerais. De acordo com os dados divulgados pela Secretaria Estadual no dia 13 de janeiro, neste início de 2017 já foram notificados 20 casos prováveis de febre amarela silvestre, com dez óbitos prováveis. Ao todo, são 133 casos suspeitos notificados e 38 mortes suspeitas da doença em 24 municípios.
A doença não é registrada em centros urbanos do Brasil desde 1942. O vírus, no entanto, continua a circular na natureza. Os casos em investigação em Minas Gerais se referem à febre amarela silvestre, presente em regiões silvestres, rurais ou de mata no País.
Transmissão e sintomas da febre amarela
A febre amarela é uma doença febril infecciosa grave, causada por vírus (Flavivírus) e transmitida por vetores, ou seja, pela picada dos mosquitos transmissores infectados. A transmissão de pessoa para pessoa não existe.
A febre amarela silvestre e a febre amarela urbana são causadas pelo mesmo vírus, mas são transmitidas por diferentes mosquitos. A doença, considerada endêmica nas regiões rurais e de mata do Brasil, é transmitida por mosquitos de espécies diferentes: o Haemagogus e o Sabethes (para macacos) e, ocasionalmente, para humanos não vacinados. Em áreas urbanas, o vetor é o mosquito Aedes aegypti (o mesmo da dengue).
Na maioria das vezes, quem contrai este vírus não chega a apresentar sintomas ou os mesmos são muito fracos. As primeiras aparições da doença são repentinas como: febre alta, dor muscular, calafrios, cansaço, dor de cabeça, náuseas e vômitos por um período de três dias.
De acordo com o Bio-Manguinhos (Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos), que é uma unidade da Fiocruz, a forma mais grave da doença é considerada rara e costuma surgir após um breve período de bem-estar (até dois dias), quando podem ocorrer insuficiências hepática e renal, icterícia (olhos e pele amarelados), hemorragias (de gengivas, nariz, estômago, intestino e urina) e cansaço intenso. Se não for tratada rapidamente, a febre amarela pode levar à morte em cerca de uma semana.
De acordo com especialistas, não há tratamento específico para a febre amarela. A vacinação continua sendo a principal medida de prevenção contra a doença, além do controle do vetor.
Produzida pelo Bio-Manguinhos/Fiocruz, a imunização é disponibilizada gratuitamente nos postos de saúde em qualquer época do ano. Ela deve ser aplicada 10 dias antes da viagem para as áreas de risco de transmissão da doença.
A eficácia da vacina é muito boa, conferindo mais de 95% de proteção. Quanto aos efeitos colaterais, em pessoas não gestantes, há a incidência de 2% a 5% dos vacinados entre cinco e 10 dias após vacinação, sendo geralmente são leves: febre, dor de cabeça e dor muscular. A imunidade dura dez anos, devendo realizar nova vacinação após o período.
As pessoas costumam apresentar os primeiros sintomas, de três a seis dias depois da picada, devem procurar atendimento médico e, de preferência, levar o cartão de vacinação e não esquecer de informar sobre o histórico de viagens e exposição a matas, florestas etc.
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Gestantes podem tomar vacina contra febre amarela?
Há contraindicação para a vacina contra febre amarela em grávidas, em qualquer período da gestação, devido aos desconhecidos efeitos colaterais da imunização e, como a vacina contra esta doença é feita com vírus vivo atenuado, mesmo que a força de tais antígenos tenha sido atenuada em laboratório, existem chances de malefícios para o bebê.
Mulheres grávidas primeiramente devem evitar viagens para regiões onde haja casos de febre amarela. Mas se a gestante estiver em local onde haja uma epidemia da doença, a vacinação pode ser indicada se um infectologista juntamente com o obstetra acharem que o risco de contágio é maior que o risco de efeitos colaterais na gravidez.
Também, quem está tentando engravidar também não pode tomar a vacina. Segundo informações do Ministério da Saúde, mulheres nessas situações já podem estar grávidas e, assim, não podem tomar a vacina nesse período. É recomendado aguardar um mês após a vacinação para começar a tentar engravidar.
Bebê pode tomar vacina contra febre amarela?
Por ser aplicada via subcutânea (injeção) e ser constituída de vírus vivos, mesmo que atenuado, a vacina contra a febre amarela é proibida para crianças com menos de 9 meses de idade devido ao risco de encefalite viral.
Caso o bebê residir em uma área em que há morte de macacos com suspeita de febre amarela e na área em que há casos de febre amarela silvestre pode-se vacinar a partir dos 6 meses. Mas fora essas situações, o calendário de vacinações do Ministério da Saúde indica a partir de nove meses, com reforço aos 4 anos.
A vacina contra a febre amarela também é contraindicada a imunodeprimidos (pessoas com o sistema imunológico debilitado) e alérgicos a gema de ovo. A vacinação também não deve ser administrada durante a amamentação, a não ser por orientação médica.