A infecção urinária é um problema comum entre as mulheres. Geralmente, é causada pela bactéria E. Coli, que habita naturalmente a vagina sem causar problemas desde que não encontre oportunidade para subir pela uretra e chegar ao trato urinário.
A princípio, a ocorrência da infecção urinária em mulheres grávidas é a mesma que em mulheres não grávidas. No entanto, a infecção recorrente é mais comum na gestação. A infecção urinária é uma das intercorrências mais comuns na gravidez, atingindo cerca de 10% das gestantes.
A infecção urinária pode acometer qualquer parte do trato urinário – que começa nos rins, desce pelo ureter até a bexiga, e termina na uretra, o pequeno “tubinho” por onde o xixi é eliminado. A infecção pode atingir, por exemplo, apenas a bexiga (cistite), ou mesmo chegar até os rins (pielonefrite).
A pielonefrite também é mais comum na gestação, provavelmente como resultado das alterações fisiológicas que todo o corpo da mulher sofre na gravidez.
Na gestação, a infecção também pode estar relacionada ao nível mais alto de glicose na urina (devido às alterações hormonais) e à baixa imunidade, natural do período.
Infecção urinária na gravidez – Riscos e Tratamento
Sintomas de infecção urinária na gestação
Quando falamos em infecção urinária, logo nos vêm à mente seus sintomas típicos, como ardência ou dor ao urinar, sensação de urgência para fazer xixi e idas ao banheiro mais frequentes. A mulher grávida pode sentir esses sintomas também, mas em geral, deve-se estar atenta a um outro sintoma que costuma ser exclusivo da gestação: como as bactérias que causam a infecção também podem irritar o útero, é provável que a gestante sinta cólicas ou dor no baixo ventre.
Se a infecção chega aos rins (o que, segundo a ginecologista e obstetra Bárbara Murayama acontece em cerca de 30% dos casos de infecção urinária na gestação), os sintomas são outros: febre, calafrios, dor lombar, náusea, vômito, urina com cor e odor alterados e dificuldade respiratória.
A pielonefrite pode trazer complicações, como comprometimento e até paralisação dos rins, anemia e sepse (manifestações de uma infecção que atingem todo o organismo, também chamada de infecção generalizada, podendo levar à morte).
Bacteriúria Assintomática
O caso mais comum durante a gravidez, no entanto – atingindo de 2% a 7% das gestantes – é o da bacteriúria assintomática: infecção urinária que não apresenta nenhum sintoma aparente. Esse tipo de infecção é mais comum no primeiro trimestre da gestação, enquanto a pielonefrite e a cistite são mais comuns nos dois últimos trimestres.
A bacteriúria assintomática também pode causar complicações, por isso é imprescindível que sejam feitos exames de urina logo no início da gestação, por volta da 28º semana, no último trimestre, e sempre que houverem suspeitas de algo errado.
De 30% a 50% dos casos de bacteriúria assintomática evoluem para infecções mais graves, mas a Dra. Bárbara Murayama afirma que esse risco diminui em até 80% se a bacteriúria for identificada e tratada logo no início. Fatores de risco para esse tipo de infecção urinária incluem diabetes mellitus, mais de duas gestações anteriores e histórico de infecção urinária.
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Infecção urinária na gravidez pode prejudicar o bebê?
Os tipos mais graves de infecção urinária são a cistite e a pielonefrite – as que podem causar mais complicações sistêmicas e têm os sintomas mais incômodos. Mas qualquer infecção, mesmo a que não manifesta sintoma algum, pode trazer riscos na gestação.
Estudos mostram que bacteriúria não tratada está associada a maiores chances de baixo peso do bebê ao nascer e de mortalidade perinatal. O obstetra e ginecologista Marcelo Corrêa da Costa, professor do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), alerta ainda que, em todos os casos, a infecção urinária pode causar trabalho de parto prematuro ou aborto (dependendo da idade gestacional em que a infecção ocorre). Isso porque as bactérias que causam a infecção urinária e as toxinas que produzem, ao atingir o útero, podem fazê-lo se contrair.
Como tratar infecção urinária durante a gravidez
Para o tratamento, o obstetra deve avaliar a necessidade ou não de usar antibióticos seguros para gestantes. Em caso de infecções recorrentes, pode ser necessário tratamento antibiótico preventivo durante período mais longo, e também uma investigação de possíveis problemas associados (infecções genitais, cálculos renais, etc.).
É importante frisar que mesmo quem já está acostumada a tratar a infecção urinária não deve se automedicar na gestação – a maioria dos antibióticos consumidos normalmente são extremamente prejudiciais ao feto.
Já para evitar a infeção urinária, alguns hábitos fazem toda a diferença, inclusive para quem não está grávida: ingerir bastante líquido (de preferência água), nunca segurar o xixi e ir ao banheiro logo depois das relações sexuais.